Ja la vao quase duas semanas que fui obrigado a deixar Dar es Salaam, fazendo rumo aos arredores de Mtwara, no sul da Tanzania. Dado o estado deploravel das estradas, os mais de seiscentos quilometros que separam as duas cidades tornam-se demasiado penosos para uma travessia por terra e por isso la estava eu, numa madrugada destas, a entrar num monomotor cessna com capacidade para umas doze pessoas. Esta pequena aeronave necessita apenas de uma hora e meia para realizar o percurso entre os dois aerodromos – o que parece um plano significativamente melhor que passar um dia inteiro a conduzirum automovel a velocidades reduzidas por maus caminhos.
A chegada, nao ha muito
que ver. Ha e’ que esperar por um jipe que finalmente chega. O motorista nao
fala muito mas possivelmente o ingles nao sera o seu forte. Foi-me dito que no
sul da Tanzania tambem se fala frequentemente portugues mas nao era o caso
nesta regiao; sera talvez o caso ainda mais a sul, no Makonde.
A estrada
alcatroada cessa mal fazemos o cruzamento do aerodromo e seguimos para leste
por estrada de po encarnado. Pelo caminho, o arvoredo de coqueiros e afins abre
por vezes em pequenas povoacoes. Os habitantes locais sao claramente pobres e vivem do que produzem, sendo que aqui a economia principal depende do caju, de frutas variadas e do peixe, dada a proximidade do mar.
As pessoas circulam ao
seu ritmo, muitas de bicicleta. Acho que mais de metade sao mais novos que eu e
vejo muitas criancas – algumas com sinais claros de ma nutricao. O casario e’ fabricado
de madeiras distribuidas na perpendicular e paralelamente entre si, sendo
seladas com massa de argilas, o que confere um tom avermelhado a parede. O
telhado e’ feito de colmo. Nao ha distribuicao de electricidade e o unico sinal de tecnologia de energia actual sera o ocasional painel solar portatil instalado no chao. Chego por fim ao meu destino apos cerca de vinte e cinco
quilometros. Nao ha muito tempo a perder. Infelizmente vim para trabalhar.
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