segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Algures a leste de Mtwara - Tanzania

A falta de tempo livre tem obrigado a um certo desacerto e falta de assiduidade nestas minhas publicacoes. A boa noticia e’ que felizmente tenho o que contar e assim sendo, atabalhoado, mesmo a pressa, comeco, e por ordem cronologica.

Ja la vao quase duas semanas que fui obrigado a deixar Dar es Salaam, fazendo rumo aos arredores de Mtwara, no sul da Tanzania. Dado o estado deploravel das estradas, os mais de seiscentos quilometros que separam as duas cidades tornam-se demasiado penosos para uma travessia por terra e por isso la estava eu, numa madrugada destas, a entrar num monomotor cessna com capacidade para umas doze pessoas. Esta pequena aeronave necessita apenas de uma hora e meia para realizar o percurso entre os dois aerodromos – o que parece um plano significativamente melhor que passar um dia inteiro a conduzirum automovel a velocidades reduzidas por maus caminhos.

A chegada, nao ha muito que ver. Ha e’ que esperar por um jipe que finalmente chega. O motorista nao fala muito mas possivelmente o ingles nao sera o seu forte. Foi-me dito que no sul da Tanzania tambem se fala frequentemente portugues mas nao era o caso nesta regiao; sera talvez o caso ainda mais a sul, no Makonde.
A estrada alcatroada cessa mal fazemos o cruzamento do aerodromo e seguimos para leste por estrada de po encarnado. Pelo caminho, o arvoredo de coqueiros e afins abre por vezes em pequenas povoacoes. Os habitantes locais sao claramente pobres e vivem do que produzem, sendo que aqui a economia principal depende do caju, de frutas variadas e do peixe, dada a proximidade do mar.
As pessoas circulam ao seu ritmo, muitas de bicicleta. Acho que mais de metade sao mais novos que eu e vejo muitas criancas – algumas com sinais claros de ma nutricao. O casario e’ fabricado de madeiras distribuidas na perpendicular e paralelamente entre si, sendo seladas com massa de argilas, o que confere um tom avermelhado a parede. O telhado e’ feito de colmo. Nao ha distribuicao de electricidade e o unico sinal de tecnologia de energia actual sera o ocasional painel solar portatil instalado no chao. Chego por fim ao meu destino apos cerca de vinte e cinco quilometros. Nao ha muito tempo a perder. Infelizmente vim para trabalhar.


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