segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Viagens da minha vida

A viagem até nem foi má. Só houve alguns percalços que a tornou ainda pior. A constipação não ajudou a minha disposicão e terá, pelo contrário, incendiado a minha irritação com os sucessivos atrasos nos voos. Estes, foram provavelmente os responsáveis por ter chegado a Tripoli sem a minha mala. Salve-se a minha capacidade de antever catástrofes e viajar com alguma roupa na minha inseparável mochila. Fico mais tempo no aeroporto com a dificil missão de tratar dos formulários necessários ao resgate dos meus haveres. O obstáculo da comunicacão é facilmente ultrapassado quando requisito o motorista encarregue do meu transporte para tratar do assunto, ficando apenas a faltar o despacho da fila de pessoas que se encontrava pela minha frente, com um problema semelhante ao meu. Terminados estes deliciosos momentos de tertulia, com total ausência de regozijo pessoal, lá nos tivemos que pôr a caminho para a deserta base da empresa no centro de Tripoli, de onde trouxe emprestados alguns bens essenciais à minha sobrevivência e aguardei cerca de uma hora até à chegada do meu outro transporte para o poço onde fui destacado. Choveu bastante nesse dia e algumas estradas encontram-se alagadas, o que me faz temer pela minha segurança, tendo em conta as velocidades praticadas por estes condutores (como chamar-lhes…?) assassinos. Este último trajecto não tem muita historia, tirando talvez o pequeno-almoco, à base da sandocha de figado de borrego, bem carregada de picante. Bem bom. Parece-me que aqui isto é uma espécie da bifana que se come na roulote em Portugal. Chego ao meu destino às 11h, exactamente 24h depois de ter saído de casa, onde sou recebido por caras conhecidas que me dão algum alento para iniciar o trabalho às 18h.

Agora faço o turno da noite e até nem desgosto. Parece-me bastante mais tranquilo que o dia e penso que só me posso queixar do frio que se faz sentir. A temperatura chega a ser menor que 10°C e até a alma se sente fria. Ou os ossos, já não sei. Contudo, o processo das continuas noitadas em Lisboa finalmente tem resultados práticos visto que a adaptacão ao horário nocturno não foi dificil. Só custa mesmo dormir durante o dia quando sou confrontado com situações de falatório perto do meu quarto. Entretanto, a minha mala já me foi enviada, o que me trouxe algum conforto, apesar de ter acessos de pensamentos menos bons para com o senhor sorridente da Alitália em Portugal, sempre que olho para ela. Sou responsável pelos meus actos e pelas minhas palavras, por isso, tentarei, com muito afinco, não ser obrigado a responder por ambos, da próxima vez que o encontrar.

O nascer do sol já não significa o começo do meu dia de trabalho. Saúda antes o dever cumprido e o descanso. E, embora não tão quente como no passado, que sol este, o do deserto…

3 comentários:

Unknown disse...

olá! Trocaste os dias pelas noites e agora nem no msn apareces. Pensa pelo melhor, pelo menos as viagens não se tornam rotineiras e sempre vais tendo histórias para contar :) e... será que é possível alguém conduzir mais depressa do que tu? Nem quero imaginar... Por aqui as notícias são boas! Se bem me entendes... é que... ainda bem que "há malas que se perdem" e mais tarde podem retornar com todas as coisinhas a que estamos tão habituados e que amamos! A minha mala também voltou!! ;) aproveita e volta com muitasss saudades de casa ***

Hugo disse...

E verdade, ainda nao me adaptei a estar acordado de dia e dar o saltinho a net. Sim, conduzo depressa mas (acho que) de forma consciente, ao contrario aqui dos locais, que so conduzem depressa.
Folgo muito em saber tao boas noticias, estava com esperanca que tudo ainda se resolvesse!:)
Beijinhos.

Carlos disse...

24h depois é duro..
Ainda bem que tudo se resolveu pelo melhor, bela aventura :P

Espero que tenhas aproveitado a noite do deserto..