sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Regresso às aulas (antes do regresso ao Sahara)

A minha (ainda) actual vida de viagens em busca do ouro negro permite-me apreciar agora ainda mais os meus passeios pelo Portugal além Lisboa. Desta vez, foi o meu regresso às aulas que me proporcionou uma visita a Borba, onde já não ia talvez há três anos. Curiosa e particularmente interessante foi a visita a um dos locais de extracção de mármore da região: a pedreira do texugo. O mármore daqui extraído encontra-se estratigráficamente associada à Formação Vulcano-Sedimentar de Estremoz. Esta última, encontra-se separada da formação dolomítica que lhe precede por um nível silico-ferruginoso descontinuo que se supõe equivaler à discordância estratigráfica que faria contactar os terrenos câmbricos com o Ordovícico. A formação é constituída por metavulcanitos ácidos e básicos e por tufitos, além de extensos depósitos carbonatados: os Mármores de Estremoz. Estes são calcários cristalinos metamorfisados pouco xistificados, de grão médio, e calcoxistos, apresentando por vezes alguma dolomitização. A formação apresenta por vezes espessuras superiores a 200 metros e encontra-se numa região intensamente tectonizada, tendo sofrido a acção de várias fases da orogenia hercínica. A estrutura base é um grande antiforma – o anticlinal de Estremoz – que se encontra orientado segundo a direcção NW-SE, com vergência para Nordeste. Além do dobramento intenso das formações, estas são afectadas por xistosidades, clivagens e por um largo conjunto de famílias de falhas e diáclases. Todas estas características e/ou condicionantes são importantes no apoio à decisão de exploração. Neste caso, é assumidamente mista, ou seja, apresenta uma fase extractiva a céu aberto e uma outra subterrânea.
Dado o avanço na remoção de material e razões de carácter económico, decidiu-se iniciar um processo de exploração subterrâneo, com recurso ao dimensionamento de pilares naturais para suporte dos tectos da área de escavação. Chama-se a isto a metodologia de desmonte por câmaras e pilares e consiste basicamente no desmonte de rocha, deixando intactas determinadas áreas da jazidas que servem de suporte do terreno suprajacente.

3 comentários:

The Special One disse...

Tás melhor no deserto do que a falar do sílurico e do pérmico.

Desejo-te a melhor sorte!
Não te esqueças de ir "postando" as tuas aventuras!

Abraço

Hugo disse...

Sim, para falar dessas coisas estou cá eu.
Vou tentar continuar a mandar umas postas aqui, sempre que tenha tempo, net e ocorrências sobre as quais valham a pena escrever. :)
Abraço

Ricardo Leote disse...

Isso é muita lindo.. mas já voltavas!!!!