"Da Noruega à África do Sul, multiplicam-se os destinos que acolhem os investigadores portugueses. Mas a história de todos e de cada um é a de quem teve de partir por não encontrar espaço para trabalhar no seu país.
Números exactos não existem. Ficam os relatos de quem vive uma diáspora científica.
Quantos se vão embora ao certo? Quantos vêm para o país? Em que condições trabalham? Números exactos, que permitam ter um retrato real do que se passa com os cientistas em Portugal, não existem. Ficam os relatos de quem vive uma diáspora científica em tempos de crise.
Era um dos 20 membros do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, criado em 2012 por Pedro Passos Coelho para aconselhar o Governo. Ironia: disseram-lhe que não conseguiriam renovar o contrato que tinha como investigadora auxiliar num centro de investigação em Lisboa e teve de fazer as malas e deixar o país. Foi em Setembro do ano passado. Aos 35 anos, Filipa Marques tornou-se emigrante científica.
É no Centro para a Geobiologia da Universidade de Bergen, na Noruega, que agora trabalha como geóloga marinha, exactamente na mesma área a que se dedicava em Portugal, no Centro de Recursos Minerais, Mineralogia e Cristalografia (Creminer) da Universidade de Lisboa, onde depois do doutoramento tinha continuado como investigadora. Em termos de investigação, o que agora trocou foram os campos hidrotermais oceânicos dos Açores pelos campos do Árctico. “Por parte das pessoas do Creminer sempre fui bem acolhida. A minha revolta – e vejo que é partilhada por outras pessoas – é com o Governo. Fizemos tudo o que nos foi pedido – estudos, graduações… – e, no final, dizem-nos: ‘Temos pena, vão para outro lado, não há condições para vocês.’" (cont.; in Publico)
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