sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Sonangol confirma desaparecimento de navio-tanque ao largo de Luanda

"A petrolífera angolana Sonangol, confirmou hoje, em comunicado enviado à Lusa, o desaparecimento do navio-tanque Kerala, presumivelmente sequestrado por piratas marítimos.

No comunicado, a Sonangol acrescenta que desde o passado dia 19 perdeu o contacto com o Kerala, um petroleiro grego de bandeira liberiana, que tinha sido fretado pela empresa.
"Seguiam a bordo 27 tripulantes de nacionalidades indiana e filipina e por altura do último contacto encontrava-se fundeado ao largo da costa de Luanda", lê-se no comunicado.
A Sonangol adianta terem sido já "acionadas as autoridades competentes e os mecanismos técnicos convencionais no sentido de se localizar o navio e identificar as causas da ocorrência".
Segundo a página na Internet da empresa proprietária do Kerala, a DynaCom Tankers, a situação mantém-se igual ao que registado há dois dias, altura em que foi divulgada a suspeita de que o navio-tanque teria sido sequestrado por piratas marítimos.
A última comunicação a partir do Kerala foi feita pouco depois da 01:30 do passado dia 18, ao largo de Luanda, refere a DynaCom Tankers.
"A comunicação com o M/T Kerala foi dada como perdida desde 18/01/14. Suspeita-se que os piratas tomaram o controle da embarcação, mas mesmo esta informação ainda não está confirmada. Desde então, adoptámos medidas imediatas e estamos a trabalhar em conjunto com as autoridades/agências para estabelecer a comunicação com o navio. A Dynacom está comprometida com a segurança da tripulação, do ambiente e da embarcação", lê-se no comunicado publicado na sua página na Internet.
Segundo a Dryad Maritime, uma agência de inteligência marítima, baseada no Reino Unido, é possível que o Kerala tenha sido sequestrado por piratas.
A confirmar-se essa possibilidade, a Dryad Maritime considera que o desaparecimento do navio-tanque pode representar um "aumento significativo (em termos de área) da pirataria marítima a partir do Golfo da Guiné, envolvendo provavelmente grupos criminosos nigerianos".
Noutro sítio da Internet ligado à navegação marítima, o MarineLink.Com, salienta-se que a perda de comunicações com o Kerala se verificou após uma série de alertas lançados pela Dryad Maritime aos seus clientes sobre a presença de uma embarcação suspeita a navegar ao largo da costa de Angola." (in SAPO)

domingo, 19 de janeiro de 2014

“Todos partem e nenhum fica” in Publico

"Da Noruega à África do Sul, multiplicam-se os destinos que acolhem os investigadores portugueses. Mas a história de todos e de cada um é a de quem teve de partir por não encontrar espaço para trabalhar no seu país.

Números exactos não existem. Ficam os relatos de quem vive uma diáspora científica.
Quantos se vão embora ao certo? Quantos vêm para o país? Em que condições trabalham? Números exactos, que permitam ter um retrato real do que se passa com os cientistas em Portugal, não existem. Ficam os relatos de quem vive uma diáspora científica em tempos de crise.
Era um dos 20 membros do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, criado em 2012 por Pedro Passos Coelho para aconselhar o Governo. Ironia: disseram-lhe que não conseguiriam renovar o contrato que tinha como investigadora auxiliar num centro de investigação em Lisboa e teve de fazer as malas e deixar o país. Foi em Setembro do ano passado. Aos 35 anos, Filipa Marques tornou-se emigrante científica.
É no Centro para a Geobiologia da Universidade de Bergen, na Noruega, que agora trabalha como geóloga marinha, exactamente na mesma área a que se dedicava em Portugal, no Centro de Recursos Minerais, Mineralogia e Cristalografia (Creminer) da Universidade de Lisboa, onde depois do doutoramento tinha continuado como investigadora. Em termos de investigação, o que agora trocou foram os campos hidrotermais oceânicos dos Açores pelos campos do Árctico. “Por parte das pessoas do Creminer sempre fui bem acolhida. A minha revolta – e vejo que é partilhada por outras pessoas – é com o Governo. Fizemos tudo o que nos foi pedido – estudos, graduações… – e, no final, dizem-nos: ‘Temos pena, vão para outro lado, não há condições para vocês.’" (cont.; in Publico)