A viagem tem sido muitas vezes repetida e continua a ser a mesma. De Lisboa para Roma e daí para Tripoli. Depois, o que se segue, tem variado. Felizmente, devo aliás acrescentar; nem o mar nem o deserto são propícios ao desenvolvimento de raízes e assim, ao intercalá-los, ao menos afasto um pouco o fastio da repetição com novas experiências e novos horizontes. Já que comecei a fazer a caderneta da Líbia espero que não me calhem mais cromos repetidos. Adiante.
Era então início de Dezembro quando viajei novamente para a Líbia, onde permaneci cerca de mês e meio. O tempo foi repartido por dois locais: primeiro Messla, a Este, e mais tarde Wafa, a Oeste, quase na fronteira com a Algéria. Apartando o trabalho da escrita sobre o trabalho, voltei às viagens pelo deserto que, apesar de muito cansativas, serão sempre grande motivo de entusiasmo para mim. Claro que não será simpático repetir aquele percurso de jipe ao longo de quinze horas seguidas, em que fui conduzido por cerca de
Mas. Há sempre um mas, mesmo naqueles problemas que se avizinham mais bicudos. Mas, senão for assim só posso falar de trabalho, e isso será uma chatice maior. Pois é verdade que foi uma viagem péssima. Mas, por alguma razão, podia ter sido muito boa. Adiante novamente.
A minha estadia na região de Wafa prolongou-se até dia 29 de Dezembro, quando terminou o trabalho naquele poço de petróleo. Para dizer a verdade estava muito contente a pensar na sorte que tinha: ia calhar tudo tão bem para chegar a Portugal no dia
A primeira noite foi passada num simpático hotel em Sirte, que para meu grande espanto parece uma cidade bem organizada e desenvolvida. O facto de ser a cidade berço do actual líder da Líbia tem muito peso porque ao que parece há quarenta anos esta quase não existia. Até aqui a estrada já era minha conhecida de outras aventuras. Sigo sempre para Oeste, paralelamente ao mar e quase sempre sem o avistar. De Sirte, na manhã seguinte, rumo de novo para Oeste e para Sul. Os pontos de interesse aumentam. O deserto renasce e transfigura-se ao longo dos muitos quilómetros. Atravesso as altas dunas para depois percorrer o deserto despido pelo vento. A vegetação escasseia ou outras vezes desaparece por completo por vastas áreas. Avisto por vezes uma árvore, um dromedário, um outro carro ou um camião. A viagem prossegue assim, até à hora de almoço
Fez-se tempo de acordar cedo. Eram duas da manhã de 31 de Dezembro e parecia que não tinha dormido. A estas horas é com dificuldade que encontramos um estabelecimento que nos sirva um nescafé. A viagem termina dez horas mais tarde e eu começo a minha actividade laboral. Foram
E ainda há quem se gabe de fazer uma vez por ano o Paris-Dakar. Quando faz.
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