sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Petróleo. Gulbenkian negoceia Partex com donos da Lusitânia

"CEFC China Energy terá feito uma oferta pela petrolífera detida pela fundação. Grupo chinês adquiriu seguros do Montepio no ano passado.

A Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) recebeu uma oferta de compra para a petrolífera Partex, de que detém atualmente a totalidade do capital. Os interessados, noticia o “Expresso”, são os chineses da CEFC China Energy, com  sede em Xangai e que em novembro do ano passado compraram uma posição maioritária na Lusitânia, a companhia de seguros do Montepio. 

Em comunicado, a Gulbenkian revelou ontem estar “em processo de negociações com o grupo interessado”, garantindo que manterá as atividades filantrópicas da instituição. 

A Fundação revela que “tem vindo a equacionar a alienação dos investimentos nos combustíveis fósseis (que representaram cerca de 18% dos ativos em 2017), tendo em conta uma nova matriz energética e os seus objetivos em prol da sustentabilidade, na linha do movimento internacional” de outras fundações.

Caso haja negócio com a CEFC China Energy – em fase adiantada mas ainda por fechar –, a Gulbenkian diz  que “a recomposição do património continuará, como no passado, a garantir a realização de todas as atividades filantrópicas da instituição que Calouste Gulbenkian quis ver como perpétua e destinada ao bem da humanidade”.

No comunicado, a fundação  relata que “tem recebido, ao longo dos anos, várias manifestações de interesse para a alienação da sua participação na Partex, traduzindo o reconhecimento internacional da qualidade da empresa”. Há pouco tempo, acrescenta, “recebeu uma oferta de compra e encontra-se neste momento em processo de negociações com o grupo interessado. Findo o processo de análise de todas as condições, será tomada uma decisão de acordo com a defesa dos melhores interesses da Fundação”. 

Já em junho de 2017 a fundação liderada por Isabel Mota  revelou que estava a avaliar a entrada de grupos internacionais, com interesses no Médio Oriente, na petrolífera. 

Escala

A FCG  detém 100% do capital da Partex. liderada por António Costa e Silva, que, em entrevista ao “Público” em março do ano passado, revelou que a empresa, em 2016, obteve lucros superiores a 60 milhões de dólares e vendas na ordem de 252 milhões de dólares. No ano anterior tivera prejuízos de 146 milhões de dólares. 

O grupo chinês pretende, segundo o comunicado divulgado, dar escala ao negócio segurador do Montepio. Além disso, haverá uma “cooperação adicional”.

A Partex foi fundada em 1938, por Calouste Gulbenkian, que até então “tinha sido o grande promotor da criação da Iraq Petroleum Company, uma empresa que reuniu os interesses das empresas que hoje se chamam BP, Shell, Total, Exxon Mobil, e onde ficou com 5%, passando a ser conhecido como o “Mister Five Per Cent”. 

Na altura do negócio da Lusitânia, a CEFC revelou que o objetivo era dar escala ao negócio segurador do Montepio e ainda que iria estabelecer a sua sede financeira em Portugal e levar a cabo a cooperação no investimento em diversos campos como o ramo financeiro, imobiliário, infraestrutura, telecomunicações e vinho”. 

O grupo privado chinês foi fundado em 2002 por Ye Jianming, que se mantém como presidente, emprega quase 30 mil pessoas e está centrado nos serviços financeiros e na energia. 

No ano passado a CEFC China Energy adquiriu 14,16% da petrolífera estatal russa Rosfnet por 9,1 mil milhões de dólares." (in SOL)

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