segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Presidente da ENH de Moçambique admite pressão para acelerar exploração de gás

 Imagem: ENH
 
"Em entrevista ao Financial Times, Omar Mitha, que chegou à presidência deste organismo estatal moçambicano em agosto, mostra-se esperançado em exportar a primeira carga de gás natural líquido (LNG, no original em inglês) ainda em 2020 e está otimista sobre as vantagens de Moçambique face a outros países, mesmo em contexto de descida dos preços das matérias-primas.
"Mesmo com os nossos problemas, ainda oferecemos vantagens competitivas face a outros países", diz o responsável, considerando que a atribuição de licenças de exploração em outubro à norte-americana ExxonMobil e à italiana Eni "é uma clara indicação" do interesse dos investidores.
Na reportagem do Financial Times, Omar Mitha é apresentado como um otimista que entende as dificuldades do mercado e os condicionalismos do país, razão pela qual descreve o potencial que o LNG oferece ao país como "um projeto de transformação e uma oportunidade única para Moçambique saltar alguns estádios de desenvolvimento".
Entre as várias dificuldades que as empresas enfrentam em Moçambique estão a falta de mão de obra especializadas, os problemas técnicos, os altos custos de exploração e, agora, a descida no preço das matérias-primas, que obriga a estudos mais rigorosos sobre a diferença entre o custo do investimento e o lucro da exploração.
"O que é crítico é acelerarmos o ritmo para o mercado porque a janela de oportunidade pode diminuir", diz o responsável, explicando que "a razão por trás disto é a que a dinâmica do mercado está a mudar".
Esta dinâmica prende-se com a redução do preço das matérias-primas, que os analistas estimam que vá durar vários anos antes de, eventualmente, regressar aos níveis do ano passado, e com a nova geografia dos compradores, principalmente os asiáticos, com o Japão e a Índia à cabeça.
Desde 2010 que Moçambique saltou para as primeiras páginas dos jornais internacionais, quando a Anadarko e Eni começaram a descobrir gas na Bacia do Rovuma, com o potencial de colocar o país entre os maiores produtores mundiais.
Em declarações citadas pela revista Jeune Afrique, Omar Mitha diz que quando o gás natural estiver em exploração, o Produto Interno Bruto de Moçambique poderá disparar dos atuais 16 mil milhões de dólares (14 mil milhões de euros) para 39 mil milhões de dólares (35 mil milhões de euros) em 2035, além de arrastar a construção de infraestruturas e criação de emprego, estimada em 700 mil novos postos de trabalho.
A ENH prevê ainda que o Estado arrecade mais de 67 mil milhões de dólares (60 mil milhões de euros) em receitas da exploração do gás natural de Rovuma, admitindo que o valor possa aumentar durante o desenvolvimento do projeto.
As multinacionais petrolíferas poderão investir 31 mil milhões de dólares (27,7 mil milhões de euros) nos projetos de gás na bacia do Rovuma, norte de Moçambique, conclui o presidente da ENH." (in SAPO)

sábado, 28 de novembro de 2015

Ouro de Jales vai ficar no fundo da mina

"Está adiado o regresso ao ouro em Portugal. Dos €24 milhões de investimento previstos no contrato de exploração experimental para reativar as minas de Jales, em Trás-os-Montes, foram investidos apenas €3 milhões.
O consórcio a quem em 2012 foi atribuído o projeto não cumpriu com o acordado e o contrato com o Estado caducou. Mas com uma originalidade: do consórcio também fazia parte o próprio Estado.
Além da canadiana Petaquilla Minerals, que detinha 85% do consórcio Almada Mining (criado propositadamente para este projeto mineiro), o Estado português entendeu — em 2012 — que a Empresa de Desenvolvimento Mineiro (EDM) deveria assumir os restantes 15%.
O investimento global estimado ascendia a €66 milhões e previa-se a criação de 100 postos de trabalho diretos e 250 de forma indireta." (IN EXPRESSO)

domingo, 22 de novembro de 2015

Estado vende minas do Lucapa e sai dos diamantes

"O conflito por causa da Sociedade Mineira de Lucapa entre o Estado angolano e o português, que remontava a 2011 e se tinha tornado numa enorme dor de cabeça, chegou agora ao fim. A 6 de novembro, a Sociedade Portuguesa de Empreendimentos (SPE) assinou com a empresa nacional de diamantes angolana, Endiama, um acordo de venda dos 49% que o Estado português tinha na Sociedade Mineira de Lucapa (SML), uma concessionária de atividade diamantífera. A Endiama comprometeu-se a pagar 130 milhões de dólares (€121 milhões) e pôr fim a um conflito que se arrastava desde outubro de 2011, data em que o Estado angolano decidiu retirar a licença de exploração à SML. Concluído este negócio, o Estado português deixa de ter qualquer participação em minas de diamantes em Angola e a SPE, detida em 81% pela Parpública, fica praticamente sem atividade.
“Coincidindo com a celebração dos 40 anos da independência da República de Angola e no espírito de reforço do relacionamento diplomático entre Portugal e Angola, a SPE e a Endiama firmaram no passado dia 6 de novembro um acordo que tem por base a alienação da participação detida pela primeira no capital da Sociedade Mineira do Lucapa à segunda, sua sócia no projeto mineiro, por um valor de 130 milhões de dólares”, confirmou ao Expresso a Parpública, que detém as participações do Estado e a SPE. A liquidação do negócio será faseada e feita no prazo de 11 meses. “A execução (do negócio) está condicionada ao cumprimento das necessárias formalidades administrativas mas permitirá, assim que terminada, colocar um ponto final nas diversas ações e processos arbitrais e judiciais que as partes haviam intentado em diferentes instâncias e jurisdições, contribuindo assim para o reforço das relações bilaterais”, esclarece a Parpública.

Indemnização de 6 mil milhões de doláres

O acordo de 6 de novembro permitiu às partes pôr fim a um conflito que estava a agravar-se. No final de 2011, o Estado angolano retirou a concessão para explorar diamantes à SML, passando-a à Sociedade Mineira Kassypal, do grupo angolano de António Mosquito. E a partir daí a situação da empresa deteriorou-se e os prejuízos aumentaram.
Entretanto, a Endiama fez queixas em tribunal contra a SPE, responsabilizando-a pela falência técnica e financeira da SML. Detentora dos restantes 51% da SML, a Endiama acusava a SPE de ter paralisado a SML por falta de investimento e de operar com equipamentos obsoletos. Em 2011, a SML tinha 1200 trabalhadores. Em 2015, noticiou a Agência Lusa, o Estado angolano pedia uma indemnização de 6 mil milhões de dólares (€5,6 mil milhões) à SPE. Com este acordo cessam os processos em tribunal e termina a parceria. Resta saber se a SEP será agora extinta. A Parpública preferiu manter o silêncio." (in EXPRESSO)