Dei por mim a percorrer uma infima parte desta imensa blogosfera portuguesa e constato que, sem querer, acertei nas paginas certas. Senao, nao saberei como explicar a sabedoria que me foi transmitida, o meu presente estado de iluminado. Por entre dialogos futeis, conversas sobre sapatos, e devaneios literarios, ele ha de tudo. E, no entanto, sinto-me excluido. Nao me meto em confusoes das trocas de comentarios, que muitas vezes tem um sentido escondido e servem de mensagem para outros. Nao entendo o mundo secreto das malas e sapatos de senhora, quanto mais de outro tipo de acessorios. Custa-me ainda admitir mas, o bloguista mais comum parece ja ter lido os livros todos enquanto que aqui o pobre, carrega apenas o seu segundo livro de Saramago, para durar 3 semanas do (pouco, eu sei) tempo livre. Estou claramente fora.
Contudo, confesso que me agradam certas polemicas e picardias deste microcosmos da blogosfera. Sem nunca ter participado nelas, vejo-me a aplaudir silenciosamente certos comentarios ou respostas a letra. Da miuda que tem mau feitio, ao gajo que tem a mania que e esperto, passando pela outra que pensa que e do piorio, tenho os meus preferidos certamente. Cada qual desenvolveu a sua propria identidade que projecta no seu blog ou no do alheio. Legioes de seguidores aplaudem de pe e lancam farpas aos bloguistas adversarios que deles discordam, seja o assunto um novo livro ou a nova coleccao da HM. Gosto em particular dos emaranhados intelectuais de que padecem certos blogs e seus visitantes, onde verborreias cronicas se despejam diariamente, ao quilograma, misturando-se hermeneuticas, religiao e merdas. Sim, aprendi muito recentemente que uma certa dose de palavras menos correntes, misturadas com uma ou outra de calao esta na moda e aconselham-se. Sera como o tempero do novelo de esparguete em que se transformou o, decerto, bem intencionado texto. Ao que parece, o bloguista desenvolve o status de intelectual, mas que nao sera um qualquer; sera aquele que fala de Descartes melhor que ninguem mas que simultaneamente pragueja como deve ser. Haja distincao. Ha uns iluminados, e so depois os outros.
E no entanto, aparentemente todos se conhecem, neste extenso mundo de ideias, onde no fundo, todos estamos a distancia de uns quantos cliques. Sublime.
Isto tudo surge-me assim, quando queria apenas comunicar que estou presentemente a bordo de uma Semi-Sub, a Leiv Eiriksson, a flutuar no mar negro, durante uma tempestade. Para alguem menos avisado que esperava talvez uma descricao de uma aventura qualquer, talvez ate interessante, apresento-lhe desde ja as minhas desculpas. Aqui so se escreve sobre vida real.
A Leiv Eiriksson aquando da sua passagem pelo Bosforo, em Istanbul (a fotografia nao e minha).