Subo uma duna e depois outra. Está calor e sinto o suor a percorrer o corpo. Quero alcançar a próxima duna mas encontra-se muito longe e implica atravessar um vale. As distâncias aqui enganam mas na verdade parece-me mesmo muito longe. É melhor ficar por aqui. Não trouxe água e tenho que pensar em voltar. Já são horas. Tiro só mais uma fotografia. E mais outra. Estas visitas ao deserto podiam ser mais interessantes se tivesse um jipe comigo e no entanto isso não substitui o olhar mais atento de quem apenas conduz as pernas. Penso que este deserto ja não me fascina como no inicio. Apesar de vasto e grandioso, continua a parecer-me tão estático como da primeira vez que o vi. É como se cada grão de areia estivesse sempre no mesmo sitio ate alguém o pisar. Contudo, sei que o deserto é das paisagens mais móveis que existem na natureza. O vento transporta a areia grão a grão, construindo e empurrando as altas dunas que aqui existem a uma escala temporal que ao nosso olhar não é significativa. Depois surge a época das tempestades do deserto que apenas em algumas horas podem alterar toda a paisagem. Assim o deserto vive. E vive de longos períodos de calmaria intercalados com eventos de tempestade de curta duração. Tal como as nossas vidas. Talvez por isso eu e o deserto estejamos a voltar as costas um ao outro. Sempre preferi viver a lutar contra as tempestades para melhor saborear o pouco tempo de calmaria. Mas aqui é difícil. Voltar-lhe as costas implica sempre ver a mesma paisagem. Há deserto em todas as direcções. Talvez a vida e a paisagem mudem este ano e aí, poderei apreciar novamente o deserto, talvez de uma outra forma. Sei que não pertenço aqui e que nunca pertenci. Mudar os horizontes também é bom, o como faz parte do caminho.
Esta viagem ao sahara trouxe-me de volta à região de Murzuq para outro poço que está quase terminado. Trabalho à noite sozinho, o que é bastante desagradável pelas razões óbvias. Será assim durante o tempo que aqui permanecer, fazendo uma pausa apenas para a mudanca do rig, que irá viajar uns tantos quilómetros pelo deserto, para a localização do novo poço a furar. Aqui somos como uma comunidade nómada, que se move em função do sustento (neste caso, do petróleo). É sempre interessante e novo assistir a estes eventos que quebram a rotina. Desta vez, está prevista uma mudança de duas semanas, o que para mim significa férias durante esse tempo, com tudo de bom que isso representa, e de mau também... O resultado prático de duas semanas no meio do deserto desocupado será sem duvida o desenvolvimento de altos níveis de apatia e fadiga mental em mim. Acho que trouxe literatura suficiente para me ocupar mas, passar os dias todos a ler não é, em si, uma grande meta. Ou então talvez volte a Tripoli durante esse período, e aí aproveitarei para viajar pela Líbia. De uma forma ou de outra, tentarei manter-me ocupado e dar o máximo de uso ás pernas por essas dunas fora.
Na pequena cidade de Ubari, que não é mais que um oásis aqui perdido no meio da areia. A maior parte das pessoas que aqui vivem são os verdadeiros “donos” do deserto: os Tuaregues. Têm os seus costumes próprios e falam uma lingua diferente da árabe.Esta viagem ao sahara trouxe-me de volta à região de Murzuq para outro poço que está quase terminado. Trabalho à noite sozinho, o que é bastante desagradável pelas razões óbvias. Será assim durante o tempo que aqui permanecer, fazendo uma pausa apenas para a mudanca do rig, que irá viajar uns tantos quilómetros pelo deserto, para a localização do novo poço a furar. Aqui somos como uma comunidade nómada, que se move em função do sustento (neste caso, do petróleo). É sempre interessante e novo assistir a estes eventos que quebram a rotina. Desta vez, está prevista uma mudança de duas semanas, o que para mim significa férias durante esse tempo, com tudo de bom que isso representa, e de mau também... O resultado prático de duas semanas no meio do deserto desocupado será sem duvida o desenvolvimento de altos níveis de apatia e fadiga mental em mim. Acho que trouxe literatura suficiente para me ocupar mas, passar os dias todos a ler não é, em si, uma grande meta. Ou então talvez volte a Tripoli durante esse período, e aí aproveitarei para viajar pela Líbia. De uma forma ou de outra, tentarei manter-me ocupado e dar o máximo de uso ás pernas por essas dunas fora.
É mesmo um oásis.
Muuuuuuu...
No meu jogging matinal o deserto é só meu. Ao fundo avistam-se os maciços rochosos que servem de abrigo à cidade de Ubari.
O rig. O vento. A areia. O nascer do sol.
8 comentários:
ola ! ora cá estás tu novamente em mais uma demanda no deserto. qq dia mudas-te de vez para o deserto ( ihihihihihi ) !!!!
dá noticias. assim matas as saudades da malta . bjksss
SIL
Epá nem sabes o que fico a pensar em ver essas paisagens...
Libia deve ser mais porreiro do que Angola, pelo menos para tirar umas fotos ;)
Já não vou pra Milão pah! Parece que agora vou para a Romenia 10 dias e dps 1 ou 2 semanas numa plataforma =\
Em vez de 5€ por uma jola vou pagar 0,50€ ;) Heheheheheh!!!!
Devo estar na Romenia a 7 de Abril.
E tu? Quando vais ter formação?
Um abraço rapaz!
Silvia: NAO! (qto a mudar-me para o deserto). Quando voltar combinamos o tal cafe que andamos a adiar. :) Beijinhos
Sor xkl: Anda para a Libia para veres o que e mm porreiro...
Boa sorte para a Romenia (la chamam-te cigano).
Aquele abraco
Completamente desaparecido é o que tu andas! Vê se chegas rápido, previsões, previsões?!
beijinhosss
Lau
Previsoes, so amanha. :)
Beijinhos!
Então e essa(s) Bella(s) Italia(nas)
Hehehehehe!!!
3ª tou de volta à Roménia...
=\
Saude!!!!
Epa ta a correr bem. Bella Italia, realmente... :P
Depois deixo aqui umas fotografias, daquelas para ficares com um "katzo" de inveja... Milano, Furenza... e tal... Tem aqui uma ou duas igrejas...
Boa estadia na Romenia sor xkl!
Aquele Abraco!
Mais umas fotos bem interessantes!!
Enviar um comentário